A polêmica sobre a abertura do Hospital Regional parece estar longe do fim. Na tarde desta segunda-feira, a novela ganhou mais um capítulo. Entidades, autoridades, lideranças, políticos e representantes da comunidade estiveram reunidos na Câmara de Vereadores para criar o Comitê Pró-Abertura Hospital Regional 100% SUS. A intenção é pressionar os responsáveis para que o local comece a funcionar e atenda a população. O encontro foi marcado pelo vice-presidente da Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Assembleia Legislativa, deputado estadual Valdeci Oliveira (PT).
– A população está indignada com isso, nós precisamos fazer uma forte mobilização e pressionar o Estado. A falta de gestão é um dos grandes problemas. Vamos montar o comitê e, juntos, pensar nas atividades. A primeira delas é o envio de uma carta pública à Secretaria Estadual de Saúde e ao Ministério da Saúde fazendo a cobrança pela abertura – ressalta.
O ato contou com a presença de representantes de instituições como Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), de prefeitos da região, de órgãos da área da saúde e do Sindicatos dos Enfermeiros do Rio Grande do Sul.
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Ainda conforme o deputado, o comitê vai ser mais um espaço para pressionar o Estado, que é o responsável pela obra. O grupo contará com uma coordenação, plano de atividades e um cronograma que será construído com os integrantes. O Hospital Sírio Libanês, de São Paulo, recebeu cerca de R$ 5,9 milhões para elaborar o Plano Operacional de Gestão, e, até a semana passada, ainda não tinha enviado à Secretaria Estadual de Saúde.
– Cada período vem alguém aqui e faz uma promessa, e assim vai indo. A população está indignada com isso e com toda a razão. Então o meu papel como político é entrar com unhas e dentes nessa situação, se eu não fizer isso estou me omitindo – disse o deputado.
Na mesa de lideranças, não havia nenhum representante da prefeitura de Santa Maria e da 4ª Coordenadoria Regional de Saúde (4ª CRS). O Diário tentou contato com a prefeitura para saber sobre a ausência. Por telefone, o prefeito Jorge Pozzobom (PSDB) disse que o Executivo apoia todos os movimentos pela abertura do complexo e que assessores da Secretaria de Saúde estiveram presentes na reunião. O coordenador da 4ª Coordenadoria Regional de Saúde (4ªCRS), Roberto Schorn afirmou que não sabia do encontro.
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IMPACTO
Enquanto o Hospital Regional não abre, o Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) sofre com a superlotação. Há anos o problema se arrasta porque não há quem faça todos os atendimentos, procedimentos e internações de baixa e média complexidade pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na região.
– Quando abrir (o Regional) vai ajudar, e muito. O impasse dificulta, esse é um problema de no mínimo uma década e nós estamos na expectativa da abertura assim como a população – ponderou Soeli Guerra, gerente de atenção à saúde do Husm.
O prefeito de São Sepé e presidente da AM - Centro Leocarlos Girardello (PP) comentou sobre a dificuldade que enfrenta ao transportar pacientes da cidade para outros hospitais do Estado em função do Hospital Regional ainda estar fechado:
– Todos os dias, é uma angústia tentando resolver os problemas da comunidade. No ano de 2015, transitamos 882 mil km para transportar pacientes. É algo surreal. As pessoas saem de casa às 3h da madrugada e, às 23h, ainda não voltaram. Vamos ter que trabalhar juntos para que o hospital funcione –
O comitê irá convidar representantes da AM - Centro, do Consórcio Intermunicipal de Saúde, UFSM, do Husm, da Câmara de Vereadores, da prefeitura de Santa Maria e da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa do Estado para fazer parte da coordenação executiva.
Um dos problemas citados diz respeito à gestão do hospital. O Diário entrou em contato com a Secretaria Estadual de Saúde e, até as 21h37min não teve retorno sobre a entrega do Plano de Gestão no qual o Hospital Sírio-Libanês está executando. A intenção do governo do Estado é que o hospital atenda 80% SUS e 20% privado.
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A NOVELA
2003 – Estado anuncia o hospital e escolhe um terreno ao lado do Distrito Industrial
2007 – Após mudar três vezes de endereço, é escolhido o quarto e definitivo local, no Parque Pinheiro Machado. A área foi doada ao município por José Antônio Barão Schons (já falecido)
2008 – Ministério da Saúde empenha R$ 19 milhões para a construção do hospital
2010 – Assinado o contrato com a empreiteira e a obra tem início em março, mas para diversas vezes devido à necessidade de aditivos
2013 – Março é o quarto prazo de entrega do prédio, mas também não foi cumprido
2014 – Estado assina termo de cooperação para a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) administrar o hospital e é dado o quinto prazo de entrega da obra. Até o fim do ano, não foi cumprido
2015 – Sexto prazo de entrega da obra fica para até o fim do ano. Em reunião na 4ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS), o governo do Estado garante Ebserh na gestão do hospital
2016 – Em 19 de setembro, o prédio foi entregue e está sob a responsabilidade do governo do Estado. Secretário de Saúde do Estado anuncia a abertura do hospital em 2017. Ministros, prefeito em exercício e futuro prefeito visitam as obras e garantem que o complexo vai abrir no próximo ano. Lideranças políticas afirmam que a gestão do Regional será feita pelos hospitais Sírio-Libanês (São Paulo), Mãe de Deus e Moinhos de Vento, ambos de Porto Alegre
2017 – Ainda estão pendentes as definições sobre a compra de equipamentos e sobre quem fará a gestão
Agora - Prazo para abertura do hospital segue indefinido, assim como a porcentagem de atendimentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), se será totalmente pelo SUS ou haverá, também, atendimento privado